segunda-feira, fevereiro 10

até.

http://praperderavontadedetematar.wordpress.com/

segunda-feira, janeiro 27

eu esqueci o endereço e a senha do novo blog então voltei pra cá, mas isso não tem nada a ver com ter voltado a escrever

eu vou começar uma vida nova em duas semanas
porque eu não gosto de quem eu sou agora
então arrumei um outro nome
e vou entrar pro islã
e mudar de e-mail
e raspar o cabelo
e fazer duas a três camisetas novas
e começar um bom negócio plantando maconha
e aí não vou fazer as mesmas coisas que
eu tenho feito
nos últimos vinte (e dois) anos de existência
que é basicamente nada e
planejar um futuro bem legal
e desistir de tentar
no primeiro problema
porque agora que eu estou pra me tornar
um carecaislâmicotraficantecomtrêscamisetasnovas
eu não vou ser mais o cara que eu era antes
nem vou continuar explicando
afinal
você já entendeu a linha de raciocínio
você é um menino esperto, parabéns...
eu só preciso dizer
mais uma coisa
mas
você é bem esperto
e deve ter sacado
que a parte de desistir
é tudo
que faz eu
e
deixa pra lá...

sexta-feira, janeiro 10

indústria cultural

eu não como lixo
não mais (pelo menos por essa semana)
porque decidi que fazer isso
deve causar um tipo de mal

agora eu só me alimento
de o que eu consigo
plantarecolher

agora eu sobrevivo
do meu próprio esforço (que nem os adultos)
e não como lixo
além do lixo
que eu mesmo faço
ou que a publicidade jura que é
saudável

é uma grande mudança
uma das maiores
é uma escolha difícil
uma das piores

mas não aguentava mais
ter o intestino
desregulado
(chato né?)


sexta-feira, dezembro 13

screen test nº29

tem um gato
que vive no telhado
que eu vejo da janela
do meu quarto

é um gato
que mia todo dia
mia meio chorado
e eu imagino
ele morrendo de fome

a gente conversa às
vezes
sobre como eu não sei
se gosto de gatos
mas que tentei gostar
e tentei não gostar
e nunca consegui me decidir

outras vezes
nós falamos sobre
o que é melhor
sardinha, ração ou
comer lixo
e ele vota no lixo
e eu na ração

teve até um dia
que ele tava chorando tanto
por sem motivo -que a
vida de gato é foda
e por isso  às vezes rola
umas crises nervosas
mas logo melhora-
e eu e senti mal
e joguei lixo nele
pra alegrar

foi aí que ele morreu
culpa minha
e do vizinho
que deu chumbinho.

terça-feira, dezembro 3

criança problema.

O problema é que ninguém explicou pra nós como a cidade funcionava. Eles só nos colocaram ali e esperavam que a gente começasse a imitar quem já sabia o que fazer. E nós tentamos. Como tentamos. O problema é que nunca dá pra dizer se você está fazendo isso certo ou só sendo uma falsificação grosseira. O problema é que essa cidade tem alguma coisa de errado, que deixa ela diferente de todas as outras, que impede qualquer expressão espontânea. Um tipo de fracasso inoculado dentro dela. O problema é que nós tínhamos chegado lá fazia muito tempo, tanto tempo que ninguém conseguia imaginar outra versão de cidade, só as que apareciam de vez em quando em qualquer lugar, numa conversa ou num programa de TV, mas pra nós o que a gente fazia lá era a mesma coisa. O problema é que a nossa visão era corrompida por estarmos dentro. O problema é que aquilo parecia real, e nós nos sentíamos especiais por comparação aos outros habitantes. É que demora tempo demais pra você entender o quão grande é o mundo o quão idiota é você e o quanto sua cidade foi amaldiçoada. O problema é que ninguém avisa sobre essas coisas então demoramos demais pra começar a desconfiar. E quando percebemos já era bem tarde. O problema é que perceber isso só causou raiva, uma sensação de que fomos enganados a vida toda, de que essa tal de vida não passa de uma versão preestabelecida, envelhecida, falsificada e desgastada por fodas ancestrais e que tem alguém se divertindo a nossas custas. O problema é que nós tínhamos todo um acúmulo de frustrações, sonhos irrealizáveis, antidepressivos e problemas financeiros dentro de nós. Em cada um de nós. E aí ninguém mais quis participar daquilo. O problema foi quando percebemos que não participar ainda era uma falsificação barata. O problema é que a gente não parecia encontrar nenhum lado pra correr e nenhuma realidade onde parar. O problema só foi crescendo. Mesmo quando começamos a destruir tudo, mesmo quando começamos a cortar cabeças, explodir prédios, devorar membros da família, mesmo quando só a raiva de ser enganado controlava nossas ações, mesmo com a violência mais pura no nossos corações, nós não conseguíamos nos livrar da ideia de que só estávamos imitando alguém, que tudo já tinha sido perdido a muito tempo. O problema é que o problema é seu.

segunda-feira, novembro 25

insiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavorinsiraumtítuloporfavor

eu queria ter um tumor
bem no meio da minha cabeça
pra me sentir bem o tempo
inteiro

mas as pessoas não
querem que eu fale disso
em voz
alta

eu queria ter um tumor
bem no meio do meu cérebro
que justificasse qualquer
ação

ou versão
de diversão
que eu criasse
no fim de semana

mas as pessoas não
querem que eu espalhe
isso por


eu queria estar morrendo
agora
de uma forma intensa
só pra sentir qualquer coisa
além da sujeira
e da
fome

eu queria ser absolvido
de mim
mesmo
e ser irresponsável
por completo

mas as pessoas
me querem vivo
e consciente
e contente
e consumidor
e contribuinte
e conciso.¹


¹ ao realizar a leitura em voz alta recomenda-se tentar gerar ambiguidade "com siso"

segunda-feira, novembro 4

1.000.000

eu tenho um milhão de santas aleatórias
para quais eu me masturbo
logo após eu acordar

um milhão de santas masturbatórias
são
um milhão de alvos aleatórios
para atirar com a arma que inventei
dois meses e três dias atrá.s

e eu só conto isso pra impressionar
uma meia dúzia delas
mesmo sabendo que elas não se  impressionam com isso
porque eu preciso colorir mais

é que é tudo que eu tenho
um milhão de imagens
e uma arma imaginária
que eu uso pra atirar
em cada uma
depois de gozar
pra cada uma
um milhão de vezes
antes do café da manhã

terça-feira, outubro 8

soneto nºx ou sobre o dia que eu parei de acreditar nas diferenças entre as letras como portadoras de qualquer tipo de significado além da sua existência, mas continuei acreditando que duas delas formam uma sílaba poética (com o ps que diz que a primeira frase já estava no bloco de notas)

eu entendi minha cabeça

xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx

xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx

xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx

xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx
xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx xx





ps: a primeira frase já estava digitada no bloco de notas

segunda-feira, setembro 30

e sobre aquele seu anseio de expressar seus sentimentos tão secretos a respeito da alma/condiçãohumana/eocaralhoaquatro?

é um lixo
eu acho
e vai ser sempre um lixo
não adianta o quanto você enfeitar
ou fingir não perceber
é um lixo
e você sabe disso
se não, não teria posto tanto lacinhos assim
é um lixo
e não tem como escapar
você ta preso nisso
na sua eterna produção de lixo
porque você é um lixo
e você sabe disso
L- I - X - O
é lixo porque você não sabe do que tá falando
do que eu tô falando
no que eu tô pensando
mesmo assim você admite:
é um lixo
vai ser lixo amanhã
era lixo ontem
é lixo enfeitado, perfumado, disfarçado, arrumado
mas é lixo
lixo
lixo
lixo
lixo
e você sabe
lixo